Os animais domésticos apresentam três pálpebras, são elas superior, inferior e
terceira pálpebra. As pálpebras superior e inferior convergem e se unem para formar os ângulos medial e lateral. Já a terceira pálpebra tem como funções a proteção física para a córnea, secreções das glândulas tarsais e células caliciformes, distribuição da lâmina pré-corneal pelos movimentos, além da drenagem da lágrima do ducto nasolacrimal.
A localização da terceira pálpebra está entre a córnea e a pálpebra inferior, na porção nasal do saco conjuntival inferior. A glândula da terceira pálpebra está localizada, como seu próprio nome diz, na terceira pálpebra. Ela é umas das responsáveis pela produção da lágrima em até 50% de acordo com alguns autores.
O prolapso da glândula da terceira pálpebra ou 'cherry eye''-olho de cereja, ocorre quando a glândula desloca-se dorsalmente, ficando exposta a poeira e ao ressecamento (ceratoconjuntivite seca), resultando em inflamação, infecção secundária e tumefação. É caracterizada pelo aparecimento e exposição constante ou intermitente, de uma massa de tecido glandular e conjuntival, edemaciado, no canto naso-medial do olho.Ocorre majoritariamente em cães, porém há relato na espécie felina.
A causa principal é a a fraqueza, ou ausência, das bandas de tecido conjuntivo que unem a porção ventral da membrana nictitante aos tecidos periorbitais.
O diagnóstico é feito através de anamnese, do histórico, do
exame clínico(valendo-se do recurso semiológico da inspeção) e da apresentação
clínica.
O tratamento medicamentoso é insatisfatório, sendo assim necessário o método cirúrgico de reposicionamento da glândula da terceira pálpebra dentro da terceira pálpebra. Não se faz a retirada da glândula, devido o prejuízo de suas funções para o desenvolvimento e qualidade do animal. As técnicas cirúrgicas utilizadas são a de Blogg, Kaswan e a mais empregada a de Martin. Todas essas utilizam princípios de ancoragem da glândula a outros tecidos periorbitais. As raças mais predispostas são Cocker Spaniel Americano, Boston Terrier, Beagle, Buldogue Inglês, Mastino Napolitano, Shar Pei, Poodle e Shih Tzu.
Diagnóstico diferencial para protusão da terceira pálpebra, sem o prolapso da glândula, pode ocorrer em raças de grande porte, secundária a patologias orbitárias como neoplasias, ou em decorrência de doenças sistêmicas como raiva e tétano ou devido à Síndrome de Horner (WARD, 1999; GELATT, 2003).
Em gatos, a condição clínica da aversão da cartilagem da terceira pálpebra é semelhante ao prolapso da glândula em cães. (ALBERT et al., 1982).
É importante identificar quando se trata de um processo neoplásico, já que hemangiosarcoma da terceira pálpebra já foi descrito tanto em caninos como em felinos (MULTARI et al., 2002; LIAPIS; GENOVESE, 2004).